HISTÓRICO DA REDE PUXIRÃO

A emergência de identidades coletivas no Brasil nas últimas décadas tem revelado a existência de diversos grupos étnicos, organizados em movimentos sociais, que buscam garantir e reivindicar direitos, que sempre lhes foram negados pelo Estado. Desta forma, compreendem-se sem exaustão os motivos para o qual um país tão diverso em sua composição étnica, racial e cultural, a persistência de conflitos oriundos de distintas visões de mundo e modos de vida, que desencadeiam desde o período colonial, lutas pela afirmação das identidades coletivas, territorialidades especificas e reconhecimento dos direitos étnicos.



Na região Sul, especialmente no Paraná e Santa Catarina, a invisibilidade social é uma das principais características dos povos e comunidades tradicionais. Até pouco tempo atrás, a inexistência de estatísticas e censos oficiais fez com que estes grupos elaborassem seus levantamentos preliminares numa tentativa de afirmarem sua existência coletiva em meio a tensões, disputas e pressões que ameaçam seus diretos étnicos e coletivos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e, diversos outros dispositivos jurídicos infraconstitucionais[1].



Destas demandas surge, na região Sul, a Rede Puxirão dos Povos e Comunidades Tradicionais, fruto do 1º Encontro Regional dos Povos e Comunidades Tradicionais, ocorrido no final do mês de Maio de 2008, em Guarapuava, interior do Paraná. Neste espaço de articulação, distintos grupos étnicos, a saber: xetá, guaranis, kaingangs, faxinalenses, quilombolas,benzedores e benzedeiras, pescadores artesanais, caiçaras, cipozeiras, religiosos de matriz africana e ilhéus; tais segmentos se articulam na esfera regional fornecendo condições políticas capazes de mudar as posições socialmente construídas neste campo de poder. Ademais, a conjuntura política nacional corrobora com essas mobilizações étnicas, abrindo possibilidades de vazão para as lutas sociais contingenciadas há pelo menos 3 séculos, somente no Sul do País.



sexta-feira, 16 de abril de 2010

Decisão de procurador federal é favorável ao Mopear


No início do mês passado representantes do Movimento dos Pescadores Artesanais do Litoral do Paraná (MOPEAR) participaram de uma reunião em Paranaguá com o procurador da República Alessandro José Fernandes de Oliveira. O principal objetivo do encontro foi esclarecer a participação e informação das comunidades de pescadores artesanais para a implementação do projeto REBIMAR, que prevê o lançamento de recifes artificiais e unidades anti-arrasto no litoral do estado. A reunião contou com a presença de representantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Capitania dos Portos, Força Verde, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), e membros do Rebimar.
Os principais pontos questionados no projeto por grande parte dos pescadores artesanais estão as consultas feitas nas comunidades e os benefícios que aquele trará a quem vive da pesca artesanal. Segundo representantes de vários locais, o número de pescadores que compareceu às consultas promovidas pelo REBIMAR não é representativo, além do fato destas terem sido ministradas por coordenadores do projeto, e não pelo órgão licenciador, no caso o IBAMA, como deveria ter ocorrido. Já com relação aos recifes artificiais e às unidades anti-arrasto, os pescadores contam que ao invés de favorecer a pesca artesanal irão prejudicá-la, pois inviabilizará a modalidade tradicional de pesca de arrasto por eles praticada.
Após ouvir argumentos de ambas as partes o procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira considerou que as consultas públicas realizadas pela ONG REBIMAR estavam eivadas de vícios por não terem sido efetivas no sentido de consultarem os pescadores artesanais e determinou que não fossem lançados recifes artificiais até que novas audiências públicas sobre o projeto fossem realizadas. Essas audiências devem contar com a presença do Ministério Público Federal.

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